quinta-feira, 11 de abril de 2013

Pesadelos de uma menina “adulterada”



No mais profundo de minhas entranhas
Cresce um ser, surge uma vida,
Embora a turbulência que vivi para concebê-la
 tenha aflorado uma enorme dor em minh’alma,
Deixo, às vezes, a marca da minha dor
ser diluída pelo pensamento do futuro riso de um inocente alfa.

Fecho meus olhos e vejo o terror
Teu suor insano escorrendo em tua face rebelde
A ira expressa em tua feição
Fez-me assemelhá-lo ao bicho-papão.

Em meio aquela dor que derrotara o amor,
Senti teu prazer em minhas lágrimas
A revolta que em ti cabia mais e mais,
Em mim ressoava no desfalecer após o implorar com mágoa.

De repente, lembro minha infância não tão distante
Minha avó dizendo: “Adultéra menina, adultéra!”
Sob olhar acusador dos outros,
Eu entendia que minha pobre avó
queria que somente eu crescesse.

Mas, vó, eu não gostei de crescer!
Quero ganhar novamente minha infância embrulhada em um papel
A malevolência de um ser capaz de “adulterar” crianças
Foi o suficiente para eu preferir viver no céu.

(Kim Montebello) 

3 comentários:

  1. Compreendo essa dor, e todo ódio e mágoa que escorre em forma de lágrima enquanto "o bicho papão" tem prazer na nossa dor.

    Lindos e profundos versos!

    http://nkpassadopresente.blogspot.com.br/
    Abraço!

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  2. Muito bonito o teu gênero de escrita.
    Seguindo, porque gostei, apareça no meu tbm e siga se gostar, ok?
    http://umolhardeconfissao.blogspot.com

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Obrigada pelo comentário!