Sua caminhada levou-a a um riacho e sem acreditar por
um instante, coçou os olhos, pois acreditava ver apenas uma miragem.
Ao encarar novamente as águas cristalinas, tentou um sorriso com o
canto dos lábios e destruída pelo cansaço, caminhou tropeçante em
seus próprios pés até a margem, deixando o peso da exaustão
vencer sua vontade de permanecer de pé e, imediatamente desceu sobre
os joelhos, curvando-se para frente. Após alguns segundos, fez suas
mãos de cuia e tomou um pouco de água.
Ela podia ouvir vozes se aproximando e tentou gritar,
mas o cansaço a impedia de emitir sons.
- Emilia!Emilia! - diversas vozes se dividiam pela
floresta e, ela ali, impossibilitada de sussurrar ao menos um pedido
de socorro.
De repente, um helicóptero de resgate sobrevoou o
riacho e Emilia, conseguiu encarar o veículo. Com o resto da força
que ainda possuia ergueu seu braço direito e, em seguida, notou que
o helicóptero mantinha-se em manobra de pouso, poucos minutos
depois, viu alguns homens correndo em sua direção.
Emilia sentiu um grande alívio, pois sabia que o
resgate estava próximo. Seus amigos e professores que haviam
acampado consigo há cinco dias, saíam dos quatro cantos da floresta e se achegavam, muito horrorizados à margem do rio. Uns até choravam em profundo
desespero, outros escondiam a face no ombro do amigo. Emilia até
compreendia o desespero provindo deles, devia estar feia, mal
cheirosa e desnutrida. Mas não! Ela não sabia o que os
motivava tanto ao chôro e conseguiu falar quase num sussurro:
- Oi gente, acho que me perdi! - ela os encarou e
tentou um pequeno sorriso.
Mas, Jaime, Pedro, Melissa, Pierre, Vanessa, o professor
Marcelo e a professora Valéria olhavam mais adiante. Os bombeiros caminhavam mais adiante e ela não compreendia o porque.
- Gente... eu estou aqui! - tentou exaltar-se.
- Gente... eu estou aqui! - tentou exaltar-se.
Porém, seus amigos e professores ainda em profundo
desespero olhavam mais adiante e, curiosa, Emilia, com o restante
de forças que sobrara em sua alma, virou sua cabeça para o lado e
viu a imagem que tirava lágrimas de seus conhecidos: os bombeiros
resgatavam da água um corpo inerte e já fétido.
- É ela! É a menina da foto! - Sargento Marques esbravejou fazendo meus amigos chorarem e se lamentarem ainda mais.
- Não pode ser! - Pedro, seu namorado, não se continha e banhava sua face em lágrimas.
- Quem é que está morta? Quem é a menina da foto? - inocente, Emilia indagava, porém ninguém a respondia.
- É ela! É a menina da foto! - Sargento Marques esbravejou fazendo meus amigos chorarem e se lamentarem ainda mais.
- Não pode ser! - Pedro, seu namorado, não se continha e banhava sua face em lágrimas.
- Quem é que está morta? Quem é a menina da foto? - inocente, Emilia indagava, porém ninguém a respondia.
Marques se aproximou do professor Marcelo, entregou a
tal foto e pronunciou:
- Sinto muito, a causa da morte foi afogamento.
- Sinto muito, a causa da morte foi afogamento.
Marcelo comprimiu os lábios e chorou, talvez pela dor
da perda, talvez pelo processo que teria que responder futuramente
mediante a falta de responsabilidade. Ele, então, baixou os braços
e sem perceber virou a foto, neste momento Emilia pode ver... era sua
foto favorita, fotografia esta, que havia presenteado Pedro com uma
linda declaração de amor em seu verso.
Ela enlouqueceu naquele momento, pois sabia o que havia
enfrentado naqueles cinco dias; aquilo não poderia ser apenas uma
mera imaginação, foi real! Ela podia sentir. Não! Se estivesse
morta ela não teria passado pelas experiências que viveu ou...
- Deus! - ela imaginou – Será que isto é o
purgatório? Será que estou presa num ciclo infinito onde vejo a
cada dia o resgate do meu corpo? Não! Não pode ser.
Após alguns minutos, os bombeiros caminharam segurando
a maca com o corpo de Emília, um vento provindo do sudoeste fez erguer o lençol branco que antes cobria sua
face revelando a sua palidez cadavérica; seus olhos foscos e
mortos moviam-se e encaravam seu espírito enquanto era carregada pelos homens
de farda.
- Não me deixem aqui! - ela esbravejou;
Enquanto isso, uma tempestade se aproximava com inúmeros raios cortando o céu – Não me deixem... - ela sussurrou, estendendo o corpo no chão sentindo a areia ferir a lateral esquerda da face. - Eu não estou morta! - desesperou-se, observando-os partir - Eu vou matar todos vocês, eu juro! - Após pronunciar esta frase, seus olhos esbranquiçaram e um sarcástico sorriso tomou sua face.
- Não me deixem aqui! - ela esbravejou;
Enquanto isso, uma tempestade se aproximava com inúmeros raios cortando o céu – Não me deixem... - ela sussurrou, estendendo o corpo no chão sentindo a areia ferir a lateral esquerda da face. - Eu não estou morta! - desesperou-se, observando-os partir - Eu vou matar todos vocês, eu juro! - Após pronunciar esta frase, seus olhos esbranquiçaram e um sarcástico sorriso tomou sua face.
Kim
Montebello
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