Hoje me sinto
impotente na calada da noite,
Quando ouço a
ventania urrar atingindo a janela do meu quarto.
Noutro tempo, os teus braços me aqueciam,
E quando o medo me
assolava, você,
Tocando levemente
meu queixo erguia-o até seus lábios
Impactando-os com
carinho e, enfim,
em ti encontrava
descanso.
Mas, e agora?
Como vencerei o
medo?
Se ouvindo a
ventania novamente urrar em minha janela
Meu velho e bom
amante dorme o sonho dos deuses,
e urra pelas
narinas quase abafando os gritos do vento
Que mesmo
baixinhos ainda ouço e temo.
Não sinto mais o
teu carinho,
não tenho mais o
teu desejo,
Meu corpo velho e
vencido pela gravidade,
Não te
impressiona mais como noutro tempo.
E mesmo se meus
seios ainda resplandecessem como os cachos de uvas
E minhas ancas ainda
fossem bonitas como aos vinte anos,
Você, ainda assim,
num gesto frio,
Beijaria minha
fronte e, dando-me as costas, diria:
- Boa noite!
Tua impotência
tornou-me impotente!
Se eu soubesse
teria aproveitado mais quando ainda podia,
Não inventaria
tantas dores de cabeça
E tanto quanto a
mim, também mais a ti satisfaria.
(Kim Montebello)
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